O true crime brasileiro e a perigosa e lucrativa indústria da tutela
Esta no ar a edição 005 da 3x4. O aniversário do fim da MeTêVe, a morte digital do colecionador, as dez maiores atuações da história e muito mais.
Essa semana chegou bastante gente nova por aqui. Parece que um leitor compartilhou o link da 3x4 no telegram do Tiago, do Tira-do-Papel. Apesar de já terem recebido as boas-vindas, quero dizer novamente: Sejam bem-vindos. Se você quiser compartilhar a news com algum amiguinho que ainda não conhece, é só utilizar esse botão aqui embaixo.
Agora sim, voltamos à programação normal.
Que tal uma música para acompanhar?
The Moon City Masters - Takin' It Back
Depois da popularização do streaming, as séries televisivas passaram a ganhar tanta importância quanto o cinema. Se antes as séries eram mais voltadas para a comédia e sitcom, e havia poucas superproduções, como "Band of Brothers", hoje abundam produções com grandes histórias e orçamentos. "Breaking Bad", "Stranger Things" e "Game of Thrones" são exemplos disso.
Pensando nisso, a Far Out fez uma lista (e quem não gosta de uma lista, não é?) com as 10 maiores atuações da história das séries televisivas. Para te poupar o trabalho, aqui vai o ranking:
10. Lena Headey (Cersei) — Game of Thrones — HBO Max
9. Kyle MacLachlan (Dale Cooper) — Twin Peaks — Netflix
8. Edie Falco (Carmela Soprano) — The Sopranos — HBO Max
7. Jon Hamm (Don Drapper) — Mad Men — Globoplay
6. Brian Cox (Logan Roy) — Sucession — HBO Max
5. Matthew McConaughey (Rust Cohle) — True Detective — HBO Max
4. Stephen Graham (Combo) — This is England
3. Michael K. Williams (Omar Little) — The Wire — HBO Max
2. Bryan Cranston (Walter White (ou Heisenberg?)) — Breaking Bad — Netflix
1. James Gandolfini (Tony Soprano) — The Sopranos — HBO Max
Concorda? Discorda? Tem alguma mudança para fazer ou alguém para acrescentar? Manda aí nos comentário.
Ainda no universo cinematográfico, e na esteira do lançamento de "A menina que matou os pais" e "O menino que matou meus pais" — filmes recém-lançados no Amazon Prime Vídeo, sobre o caso Richthofen — chama a atenção o recente interesse do brasileiro por um gênero que já é sucesso na gringa há muito tempo: o True Crime.
"Diferente de filmes e livros baseados em histórias reais, a intenção do true crime é trazer casos verdadeiros, expor os detalhes dos crimes e o passo a passo das investigações." Seja em podcasts, filmes, séries ou documentários, produções desse tipo tiveram um grande aumento no país. Antes dos Richthofen, tivemos “Era uma Vez um Crime”, uma série documental sobre Elize Matsunaga, o "Caso Evandro", um podcast com mais de 10 milhões de ouvintes que virou série e pelo menos duas produções sobre João de Deus. Uma da Globoplay e outra da Netflix. E esses são os mais famosos. Tanto no Brasil quanto no exterior tem pipocado uma quantidade enorme de conteúdos desse gênero.
Segundo Maurício Eça, diretor dos filmes "A menina… " e "O menino… ", "o true crime é um gênero que está começando no Brasil, mas o cinema tem esse poder de discutir, criar visões, conexões com coisas importantes e gerar discussões. Eu acho que o true crime ajuda a trazer essas discussões à tona"
Já Carla Diaz, que interpretou Suzane nos filmes, diz que"o true crime ainda é muito recente no Brasil. Inclusive, vindas lá de fora, a gente tá acostumado a assistir a várias produções que abordam casos reais e crimes que aconteceram, então eu acho que cada vez mais as pessoas têm interesse para saber mais do que se passa na mente humana. Então porque não produzir aqui no Brasil também?".
Nessa semana, foram divulgadas diversas notícias sobre as questões tutelares envolvendo Britney Spears. A última delas, que seu pai foi oficialmente suspenso, após 13 anos, da função de tutor da cantora.
Mas, você sabia que nos Estados Unidos a tutela é uma indústria gigante, lucrativa, mal regulamentada e perigosa?
Uma investigação da BuzzFeed News revelou que “o sistema de tutela da América foi projetado como último recurso para ser usado apenas no caso raro e drástico de alguém ficar totalmente incapacitado por deficiência física ou mental. Nesses casos, tutores podem fornecer suporte vital, muitas vezes em circunstâncias complexas e angustiantes. Mas esse sistema cresceu e se tornou uma indústria que englobou mais de um milhão de pessoas — muitas das quais insistem que são capazes de tomar suas próprias decisões — e as colocou em risco de abuso, roubo e até morte.”
Quem era um adolescente do meio para o fim dos anos 90 certamente teve seu gosto musical influenciado de alguma maneira pela antiga MTV. Assistir seu artista favorito em ação nos ‘videoclipes’ era uma sensação nova e única.
Mas, a Music TeleVision teve que se adaptar. Abandonou a música e apostou em programas de auditório. Depois, comédia.
E, nesta semana, mas em 2013, a MTV Brasil chegou oficialmente ao fim.
Zico Goes, ex-vice presidente de programação do canal, relembra essa história de altos e baixos da rede.
“A Viacom não queria a MTV Brasil, pois a Abril pagava royalties para eles. Como eles perderam isso, não queriam saber de nada do que fizemos antes. Fizeram uma programação completamente diferente. Mas conseguimos brincar um pouco com esse fim, chamei os VJs antigos, fizemos uma festa ao vivo no final. A Viacom e a Abril não queriam isso. Queriam que a gente ficasse pianinho, por já estar entregando o canal, e só passasse videoclipe. Falei: ‘que mané videoclipe, vou ter o canal 3 meses para mim, vou fazer o que eu quiser.”
E j´á que a nostalgia tá comendo solta hoje, houve uma época na história da humanidade que as pessoas colecionavam discos, cd´ s e livros. Esses produtos físicos eram tão bem cuidados que, muitas vezes, permaneciam plastificados para não estragarem.
Em “A morte digital do colecionador”, o autor escreve sobre como a tecnologia tirou até a liberdade de organizar nossas coleções.
“Muitas vezes não pensamos em estantes de livros por conta própria, separadas do que elas contêm, mas são ótimos dispositivos. Eles exibem livros ou álbuns e você pode escolher entre as opções exibidas de uma forma relativamente neutra. O colecionador é o único que decide como arrumar seus pertences, ordenando os livros por autor, título, tema ou até (infelizmente) cor da capa - e eles ficam nos mesmos lugares em que estão. Isso não é verdade em nossas interfaces culturais digitais, que seguem os caprichos e prioridades das empresas de tecnologia que as possuem. Eles mudam constantemente e estão longe de ser neutros: se o Spotify repentinamente dá à categoria de podcasts um novo posicionamento de destaque, por exemplo, é porque a empresa decidiu que os podcasts vão gerar mais receita no futuro.
Como um adolescente nos anos 2000, meu acesso sob demanda à música estava contido em uma daquelas pastas de CD de borracha nas quais você encaixava os álbuns em caixas transparentes, como páginas de um livro. Eu os folheei sem rumo ao decidir o que tocar em meu discman portátil, minha gama de opções limitada ao que eu já possuía, mas também se aprofundou porque eu tinha um relacionamento com cada disco no fichário. Ainda tenho lembranças nostálgicas dessa pasta; Posso sentir a textura da caixa e a sensação de possibilidade que ela guardou em minha mente.”
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