A empatia como o único 'superpoder' que temos
Esta no ar a edição 007 da 3x4. A paixão que se transforma em trabalho, o documentário do ano, a história mais bonita que você vai ler hoje e muito mais.
Que tal uma música para acompanhar?
Lucero - Nights Like These
No Guardian, Sarah Jaffe — autora do livro 'Work Won't Love You Back' (O trabalho não vai te amar de volta) — faz uma análise sobre as cada vez piores condições de trabalho, as possibilidades de mudar rapidamente a maneira como vivemos e trabalhamos que a pandemia nos mostrou e as discussões sobre a jornada de trabalho de 4 dias.
“No último ano e meio, a maioria das pessoas caiu em uma das três categorias: os desempregados, cujos empregos desapareceram durante o lockdown; a brigada do Home Office, que equilibrava as responsabilidades familiares com um dia de trabalho que se estendia ainda mais sem o deslocamento diário; e aqueles que ainda estavam indo para o trabalho, mas em condições perigosas, às vezes aterrorizantes, seja na área de saúde, em mercados ou em frigoríficos.
Em muitos desses casos, muito do que tornava o trabalho agradável ou pelo menos tolerável foi eliminado, e ficamos com a desagradável realidade do que nossos empregos realmente eram: não um passatempo divertido, mas algo que temos que fazer.”
Como Amelia Horgan observa em seu livro ‘Lost in Work’, “Nós, quase sempre, precisamos mais de um emprego do que um emprego precisa de nós. Nossa entrada no trabalho não é livre e, enquanto estivermos lá, nosso tempo não será nosso.”
Ainda sobre trabalho. Uma frase atribuída ao filósofo chinês Confúcio diz “Escolha um trabalho que você ama e não terá que trabalhar um único dia em sua vida”. Já uma variação moderna dessa sentença nos alerta. “Trabalhe com o que você ama e você nunca mais amará nada.” Bom, também não precisa ser oito ou oitenta, mas é fato que existe um lado ruim de trabalhar com o que se gosta.
'Josh Christie escreveu seu primeiro livro sobre cerveja enquanto trabalhava em tempo integral numa livraria independente. "O livro foi todo escrito entre 5h e 8 da manhã. Eu levantava e começava a trabalhar nele e depois saía para o trabalho e trabalhava o dia todo". Equilibrar uma jornada completa era um desafio, mas desligar completamente depois do trabalho também. "À noite, a parte mais difícil era ir a um bar, tomar uma cerveja e pensar, 'Eu vou escrever sobre isto? Ou esta é apenas uma cerveja que eu estou apreciando?".
No fim das contas, a solução para desestressar da paixão que virou trabalho é encontrar um novo hobby :)
E você, trabalha com o que ama? Conta aí nos comentários…
“A empatia é o sentido mais importante que o ser humano pode aperfeiçoar; é o único ‘superpoder’ que temos”, diz o autor.
"É coisa para a vida toda, que não dá para desistir se quisermos superar nosso histórico vergonhoso de violências, imposições e insensibilidades. Sendo escritor, acho que o jeito mais fácil de ter empatia é me esforçar para entender e ver a pessoa de todos os ângulos".
É através da busca constante por empatia que Chris Ware — quadrinista americano, vencedor de 22 prêmios Eisner, a maior honraria da indústria de HQs — cria as diferentes contraposições de perspectiva de seus personagens.
Ware analisa como a percepção sobre a importância dos quadrinhos mudou ao longo dos seus mais de 30 anos de carreira.
“A linguagem dos quadrinhos anda se provando mais resistente, expressiva e abrangente do que eu achei que fosse; quando era mais moço, eu só queria saber se ia conseguir me fazer sentir e, com sorte, fazer o leitor sentir alguma coisa que não uma diversão bobinha. Fiquei muito surpreso ao descobrir que quadrinhos conseguem transmitir não só tristeza, mas também tudo que existe entre diversão e tristeza”.
No dia 25 de novembro, o Disney+ lança o documentário ‘The Beatles: Get Back’, que vai contar, em seis horas e dividido em três partes, a história por trás das principais sessões de gravação da banda em 1969.
Além disso, o doc vai trazer a íntegra da famosa última apresentação ao vivo do grupo, no topo do edifício Savile Row de Londres.
O trabalho, dirigido por Peter Jackson (de ‘O Senhor dos Anéis), teve o primeiro trailer divulgado na última quarta, dia 13. Promete ser um dos maiores acontecimentos do ano!
Já falei sobre o trabalho do fotógrafo brasileiro Felipe Dana nesta outra edição, mas vou ter que citá-lo novamente.
“Em Cabul, o Talibã governa uma população ansiosa pelo fim do crime e da corrupção. Mas muitos também temem que os ex-insurgentes imponham a mesma versão estrita da lei islâmica que impuseram na última vez no poder, na década de 1990. Isso significava tudo, desde amputações de mãos para ladrões a espancamentos para aqueles que cortam suas barbas, remoção de mulheres da vida pública e proibição de grande parte da música e entretenimento.
Nos distritos policiais de Cabul, jovens combatentes recém-saídos dos campos de batalha patrulham as ruas da capital afegã.”
Nas fotos, os retratos de alguns desses combatentes.
Vi muita gente na internet emocionada com a história, publicada pelo The New York Times, do encontro de um pai e seu filho após 52 anos. Encontro esse que durou apenas 11 dias, afinal, o filho sofria de um câncer terminal e faleceu logo depois.
Imaginei que era um exagero. Mas, que engano. A história é linda e emocionante, e se eu fosse você não perderia a oportunidade de conhecê-la.
‘Fazia décadas que o Sr. Nelson havia perdido a esperança de encontrar o filho biológico que ele gerou perto do fim do serviço militar como médico do Exército em Fort Bragg, na Carolina do Norte.
“Cinquenta e dois anos, é muito tempo para tentar carregar uma memória”, disse Nelson. "Especialmente quando você não tinha memória para começar."
Tudo o que ele sabia sobre o bebê era o que a mãe lhe disse em um breve telefonema de longa distância em 1969: foi um parto saudável e ela já o havia dado para adoção.
Agora, em parágrafos Times New Roman perfeitamente digitados, com espaçamento simples, aquele filho desconhecido — aquele vazio — estava falando com ele em uma voz de homem. A voz de um homem prestes a morrer.’
Compartilhei no instagram um texto sobre os 25 anos da morte de Renato Russo:
No dia 11 de outubro de 1996, Renato Russo, vocalista da banda Legião Urbana, nos deixava. Aos 36 anos, o cantor foi vítima de complicações da Aids.
Seu legado para a música brasileira é inegável, com sucessos que marcaram e ainda marcam gerações e mais gerações de 'Pais e Filhos'.
Essa data e esse fato, ocorridos há 25 anos, marcam também o início da minha paixão pela música. Nesse dia, ainda sem entender o tamanho do que tinha acabado de acontecer, passei o dia vendo na TV diversas matérias sobre a morte de Renato Russo. As imagens antigas dele no palco e os fãs chorando sua morte me marcaram profundamente.
Gravei, ainda em fita cassete, um especial que a rádio Nova FM fez com as principais músicas da Legião, e escutei tanto que a fita ficou até gasta.
Essa paixão por música me levou a paixão por ler sobre música. Que me levou até a faculdade de jornalismo. E hoje estou aqui, escrevendo sobre tudo isso.
Valeu, Renato!